segunda-feira, 17 de maio de 2010

COMPAIXÃO - O Grande DESAFIO

Dizem que para se tornar Bodisatwa, e ter direito a sentar-se à direita de Buda, foi posto um desafio a Kwanin: ressuscitar um pássaro.
A Deusa olhou para o pássaro morto na sua mão e perguntou-lhe docemente se queria viver. A Essência do pássaro disse que sim. E só então Kwanin soprou gentilmente sobre ele a sua cálida Respiração da Compaixão e o fez retornar alegremente à vida.
Esta atitude de respeito absoluto pela escolha de outro ser, chama-se COMPAIXÃO.

E assim, a palavra Compaixão precisa urgentemente de ser reformulada no nosso dicionário.
Os significados antigos eram «simpatia», «pena», «piedade», misturados todos com uma vontade quixotesca e compulsiva de aliviar o sofrimento dos outros. Era o modo antigo de medirmos a nossa real tendência para o «serviço aos outros». Era saber o quão atentos estávamos àqueles que se mostravam de algum modo «carentes» do que quer que fosse, e portanto
mais incompletos e/ou menores que nós.

Esse jogo terminou na Nova Consciência.

COMPAIXÃO -trazida neste novo tempo à consciência humana, uma vez mais, pelo Amor que Kwanin nos tem - significa na Nova Consciência, Aceitação Total e Incondicional do processo de vida de cada ser individual, e do desenvolvimento espiritual respectivo, incluindo as experiências pelas quais passamos, por mais dolorosas e desnecessárias que nos possam parecer.

A Compaixão começa sempre connosco. E já sabemos até que ponto nós temos dificuldade em nos aceitarmos a nós mesmos e a tudo o que escolhemos que aconteça dentro e fora de nós.
Compaixão é observar sem julgar, sem querer emendar nem concertar, sem querer catequisar, mudar ou «trabalhar» de modo diferente. Nem a nós nem aos outros.

Quando compreendemos este novo sentido da Compaixão, percebemos logo porque é que é uma falta de respeito para com os outros acharmos que eles são «deuses escangalhados», inábeis com o tipo de experiências que escolheram para si mesmos, a precisarem de uma «mãozinha» nossa para fazerem as experiências (que são DELES) do modo como Nós achamos melhor.

Vi recentemente uma reportagem na televisão, exemplo maravilhoso a ilustrar esta escrita, feita na sequência duma vaga de frio prolongada na nossa capital, mostrando a distribuição de cobertores e de sopa quente aos sem-abrigo num dado recanto da cidade, por entre os inevitáveis caixotes do lixo. E a repórter estava numa excitação tremenda porque descobrira um belo furo de reportagem, um «drama» fresquinho ali mesmo à sua frente. Uma jovem mulher sem-abrigo, exibia uma barriga evidente de gravidez avançada. A repórter contorcia-se de comiseração, tentado passar o drama e injustiça daquela condição aos espectadores, tecendo considerações sobre o que devia ser feito para subtrair a infeliz futura-mãe ao seu amargo destino, e indicando-lhe logo ali o abrigo mais próximo que estaria desejoso de resgatá-la da rua.
Mas para sua surpresa, tudo o que a jovem disse foi que «aceitava o cobertor a mais que lhe davam, mas estava muito bem onde estava, que tinha saúde e amigos, que nada lhe faltava entre eles, e que não tencionava ir para abrigo nenhum». Um horror. Mais que depressa, a repórter deu o assunto por encerrado e voltou-se para outro ser logo ali ao lado que, esse sim, muito mais promissor em termos de interesse jornalístico, debitava lamúrias «decentes» sobre o seu abandono.

Compaixão. Aceitação total e incondicional das escolhas dos outros.

É difícil de engolir? É.
É difícil de praticar? Não.

À medida que compreendemos a verdadeira Compaixão por nós mesmos, adoça-se o nosso olhar sobre o mundo. Podem chegar-nos lágrimas aos olhos ao vermos quão difícil é a jornada que alguns anjos escolheram para si mesmos. E nada nos impede de os ajudar sempre que eles solicitem directamente esse serviço. Mas a agenda salva-mundo, salva tudo e todos a qualquer preço, pode ser deixada de lado com elegância.
Com uma Nova Consciência: Não temos de carregar os fardos dos outros. Não temos MESMO.


Por caminhos diferentes, oh, anjos de luz, vamos todos um dia por certo, recuperar a memória de Quem Somos.
Mas até lá, cabe aos mais conscientes fazerem o verdadeiro serviço aos outros: descobrirem dentro de si a Divindade unida ao sagrado Humano em nós. Tornarmo-nos o Exemplo. O Farol a iluminar a escuridão dos dias daqueles que escolheram lições cármicas duras para o seu crescimento, e mostrar-lhes como é possível agora, que o Novo Humano-Divino possa viver e estar neste belo Planeta, apenas em Alegria e Celebração. Em perfeita Compaixão.

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